|
(Foto: Dois dos artefatos encontrados)
|
No dia 04 de setembro, foram encontrados artefatos líticos na região de Fazenda Caldeirão Grande, no município de Barrocas. Os achados relevam a existência de grupos humanos na região há muitos anos atrás, talvez, tenham no mínimo 500 anos, lembrando que o conceito de “pré-história” é flexível em relação ao tempo. Não se tem como datá-los ao certo por falta de métodos eficazes em se tratando de minerais, no entanto, atualmente, usa-se o carbono-14 como mecanismo de datação para materiais orgânicos como ossos, por exemplo.
Os artefatos líticos apontam a produção humana de materiais feitos a partir de pedras, neste caso. Objetos semelhantes ao que conhecemos hoje como facas, lanças, e outros instrumentos, eram necessários e se faziam muito importantes para a manutenção da vida social e biológica. Em 2011 foi encontrado, na mesma região, outro artefato lítico, semelhante a uma lâmina. Itan Cruz, estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades pela UFBA, o levou para o Arqueólogo e Professor de Arqueologia da mesma Universidade, Carlos Etchevarne, Doutor pelo Institut de Paléontologie Humaine du Museum National de Histoire Naturelle de Paris, concluiu-se então, que o objeto se tratava realmente de um artefato lítico.
|
(Foto: Classificação dos artefatos segundo suas características) Clique para ampliar. |
Para a identificação de um artefato lítico é necessário a identificação de algumas características próprias, como o ponto de percussão (ponto onde ocorreu o atrito para o lascamento da pedra), bulbo (parte saliente), estrias (marcas que partem do ponto de percussão em forma de raios), ondas (marcas ondulares que partem também do ponto de percussão), dentre outros aspectos que podem evidenciar a sua autenticidade. A partir disso, podemos diferenciar um instrumento lítico pré-histórico de uma pedra qualquer.
A indústria lítica, ou seja, lugares específicos que contém produção em série de materiais feitos de pedra, tem sua origem em pelo menos, 1 milhão de anos atrás. O Homo erectus foi, segundo se tem notícias, o pioneiro na transformação de minerais em instrumentos para uso humano. A palavra Arqueologia tem origem na língua grega e significa “conhecimento dos primórdios”, segundo Pedro Funari, importante arqueólogo brasileiro, a arqueologia é “uma ciência em construção. Estuda os sistemas socioculturais, sua estrutura, funcionamento e transformações com o decorrer do tempo, a partir da totalidade material transformada e consumida pela sociedade.”
Este achado torna-se muito importante para a construção da história de Barrocas enquanto espaço geográfico e social, uma vez que, com estes artefatos, se prova que neste território viveram pessoas há muitos e muitos anos atrás. Pelo pouco que foi pesquisado, os objetos podem ter sido produzidos por grupos nômades, contudo ainda falta muito a ser pesquisado. Ainda há muitas questões a serem respondidas, pois assim como afirmou o historiador March Bloch, “a incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado”.
Por: Itan Cruz