Uma cena rara nos 'dias de hoje' foi registrada na manhã desta terça-feira (30), chovia, a estrada estava cheia de lama, e nesse ambiente cortando tudo sem dificuldade surge uma antigo carro de boi que partiu cedo da Fazenda Alagadiço.
O carro de boi, um dos símbolos do nordeste, bastante usado como meio de transporte no passado, em Barrocas destaca-se a construção da Igreja Matriz, para a qual grandes pedras foram transportados nele e até o antigo cruzeiro de madeira, como o nome já diz, é um tipo de carroça tracionada por bois.
Quem 'comandava' a tradicional junta de bois (6 animais) era o senhor Miguel Martins de Queiroz, 35 anos, conhecido como Marcinho, morador da Fazenda Alagadiço, zona rural do município de Barrocas, ao lado do seu filho, um primo e um outro ajudante deixou sua residência na manhã desta terça-feira (30) destino ao povoado de Boa União, para colher capim para plantar e dar de comer aos próprios animais. No carro de boi serão carregado mais de 1.500kg de capim.
O carro de ontem entre os carros de hoje |
Do local de partida ao povoado de Boa União o grupo percorreu 12km, esta não é a primeira vez que este trajeto é feito; “leva mais ou menos 3 horas pra ir e voltar, fora o tempo para pegarmos o capim, arrumar e botar em cima do carro” relatou o agricultor. A madeira das duas rodas, canga dos bois e plataforma do carro vem da arvore sucupira, trazida pelo senhor Miguelzinho do Alagadiço da cidade de Biritinga distante 43km de Barrocas.
Marcinho lembra que a tradição de utilizar o carro de boi dentro da família começou com seu pai a mais de 50 anos; “Meu pai Miguelzinho do Alagadiço tem esse carro de boi faz tempo, mais de 50 anos. Naquela época o meio de transporte era o carro de boi e depois vinha a carroça”. Questionado qual a possibilidade de trocar o carro de boi por uma carroça, respondeu “troco não, prefiro o carro de boi do que a carroça” declarou sem titubear.
São seis bois puxando o carro, os animais seguem a voz de Marcinho, para conduzir o carro de boi não é simples, é preciso de técnica e muita habilidade com a voz, os dois primeiros bois da frente guiam os demais fazem as curvas e retornos, os do meio são de força e equilibram o peso, os dois mais próximo do carro fazem a parte de maior força e ao comando do dono freiam todo conjunto.
Em Barrocas o carreiro afirma que são poucas as unidades em utilização “São umas 5 pessoas que tem, delas uma ta parado, as outras usam”. O carro da família é usado também para carregar outras coisas “levamos lenha de dentro do roçado com o carro, pois suporta muito mais peso”, garantiu.
Ver uma cena dessas está cada vez mais difícil então fizemos questão de deixar tudo muito bem registrado para as próximas gerações.
@ Nossa Voz - Da redação / Por Victor Santos e Daniel Queiroz