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segunda-feira, 4 de junho de 2018

Fazendeiro barroquense construiu seu próprio cemitério, já pagou o caixão e mandou cavar a próprio cova

Foto: Raimundo Mascarenhas / Calila Notícias
O fazendeiro Miguel Arcanjo da Cunha, 81 anos, residente na Fazenda Alagadiço do Meio, distante 12 km da sede do município de Barrocas, conhecido como Miguel do Alagadiço é dono de 700 tarefas de terra. Destas afirma que herdou 250 de seus pais, o restante ele mesmo adquiriu trabalhando.

O senhor Miguel disse que vai dividir tudo com os herdeiros, mas acha injusto que no meio de tanta terra, ele não fique com pelo menos um cantinho para a sua morada eterna. Pensando nisso, buscou informações e conseguiu até registrar o cemitério que fica em frente a residência onde mora com a atual companheira.

Construído em 2014 o cemitério mede aproximadamente 10 x 10 metros. Miguelzinho não se contentou apenas com a construção, queria garantir que seu plano não dê errado, foi por isso que procurou um cartório e registrou. Em entrevista a Raimundo Mascarenhas do site Calila Notícias, ele revelou que até caixão já comprou em uma funerária na cidade de Serrinha e afirmou que pagou caro.

A sepultura foi aberta mas está coberta com telhas de eternit - Foto Raimundo Mascarenhas.
O barroquense bastante conhecido na região, contou que não perde enterros e nos que participa, observa tudo com cuidado, verifica os erros e quer que nada dê errado no seu: “Não tenho pressa para morrer e aqui estou como o administrador de fazenda e quem manda é o dono dela (Deus). Obedeço à vontade do meu dono que é Deus e o dia que ele chamar eu vou”(risos).

Como pode ser visto nas imagens, a área possui muro, cruzeiro, jazigo conhecido no sertão como “carneira”, que está inclusive aberta, protegida apenas por telhas. Ao lado foi construído um pequeno quarto para onde quer que sejam levadas seus santos (imagens). Ele é também rezador tradicional e tem como guia “Tupã”.

Miguelzinho contou que a ideia da construção do cemitério foi também por causa da situação incômoda que ele presencia sempre que vai em enterro no cemitério de Barrocas, que segundo ele, não há mais espaços suficiente. Sendo necessário, de acordo com o que foi publicado, em algumas vezes se desenterrar um corpo com pouco tempo de enterrado para botar outro: “É um mal cheiro danado, tem vez que junta até urubu. O cemitério tá vencido! Daí resolvi construir um pra mim e já tem gente pedindo para ser enterrado aqui”, revelou ao Calila Notícias.

Além do cemitério, do caixão e até a cova, Miguel se preocupa com outras questões. Caso parta primeiro que Edilson, ex-prefeito do município, caberá ao amigo cuidar de todas as despesas e depois levar a conta para família pagar, e garantiu que não é uma conta pequena. Os dois teriam um compromisso firmado: “Não tem coisa pior que ir a sepultamento e o mesmo atrasar e o povo ficar com fome. Não quero que aconteça no meu velório. Como não vou poder ver essas coisas, fiz o trato com meu amigo Edilson da Serraria. E se ele morrer primeiro do que eu faço a mesma coisa com ele”, garante.

Cemitério fica no terreiro da casa onde mora com a esposa | Foto: Raimundo Mascarenhas
O velório também deverá ser bastante anunciado, carros de som deverão fazer o anúncio da Nota de Falecimento em Barrocas e cidades vizinhas: “...um carro de som anunciando o horário do enterro nas cidades da região, onde tenho muitos compadres e comadres e não quero que ninguém tenha queixa por não ter sido avisado”.

Miguelzinho está no seu terceiro casamento, foram 32 filhos, sendo que 22 estão vivos, e demonstrando que tem boa memória, relacionou os nome de todos e de forma decrescente. “Mil, Zé Raimundo, Marcos, Perdiz, Maria, Netuca, Clarice, Severo, Cesar, Maria Irene, Luzia, João, Marcinho e Amaro (Diferença de 20 dias do nascimento de um pro outro), Orlando, Antônia, Tereza e Marcinha (Também diferença de 20 dias), Diu, Malinha, Edmilson e Batata. O mais velho, Miu tem 59 anos e Batata, o mais novo, 30”.

@ Nossa Voz - Informações Calila Notícias / Conteúdo e fotos Raimundo Mascarenhas e equipe CN

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