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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Padre Márcio Brito falou com exclusividade para o Jornal Nossa Voz sobre sua saída da Paroquia São João Batista

A entrevista foi publicado no Jornal Impresso, Edição 90 e agora você pode conferir aqui;

Padre Márcio Brito nasceu na cidade de Conceição do Jacuípe, é bacharel em Teologia, chegou em Barrocas em 24 de janeiro de 2010, celebrou a primeira missa na cidade no dia 27 de janeiro do ano de sua chegada. Homem sério, e principalmente, de muita fé, é o filho mais novo entre os homens, e fala com exclusividade ao JVN sobre sua saída da Paróquia São João Batista, atual relação com o Bispo da Diocese de Serrinha, como foi seus momentos a frente da paróquia e responde se sua saída teve alguma intervenção política.

JNV: Padre, depois de 4 anos à frente da Paróquia São João Batista, o senhor foi afastado das suas funções pelo Bispo Dom Ottorino, o afastamento gerou polêmica, porém a mudança de Padres é comum na igreja católica, o que aconteceu de anormal no seu caso?

Pr. Márcio Brito: O bispo havia me oferecido 2 Paróquias em dezembro do ano passado, não me recusei em sair de Barrocas, mas disse a ele que a paróquia estava a disposição, porém não aceitei ir para outra paróquia, por que lhe disse que não queria mais trabalhar na diocese de Serrinha e que quando saísse de Barrocas ficaria um tempo na minha casa em Araci que construí com minhas economias ao longo de 12 anos de trabalho

JNV: Como está atualmente sua relação com o Bispo, o senhor ainda pensa em assumir alguma paróquia na diocese? Passou pela sua cabeça deixar a batina?

Pr. Márcio Brito: Depois que sai de Barrocas no dia 01 de Agosto, nunca tive contato com o Bispo. Não pretendo trabalhar mais na diocese de Serrinha, já deixei isso claro ao Bispo em várias conversas que tive com ele.

JNV: O senhor acredita que a sua saída de Barrocas se deu por alguma intervenção política?

Pr. Márcio Brito: Nenhum político tem poder para tirar o padre de uma cidade, esta é uma decisão da autoridade eclesiástica, ou seja, o bispo, a igreja é totalmente independente do poder político, isto é, age por leis próprias.

JNV: Qual o seu principal legado deixado na Paróquia São João Batista?

Pr. Márcio Brito: “Quem gaba os tocos é a coruja”, acho que quem melhor pode julgar o trabalho de um padre é o próprio povo.

JNV: Onde o senhor atua como pároco, é sempre querido, e quando se afasta os fiéis lamentam, o que Padre Márcio faz de diferente que conquista os fiéis católicos?

Pr. Márcio Brito: O povo admira algumas qualidades em qualquer padre, tais como:

Abertura da Igreja para todos, não fazendo da paróquia um pequeno grupo que domina e manipula tudo sem a participação da maioria;

O cuidado com o templo, fazendo da Igreja Matriz um lugar bonito e bem cuidado;

O respeito e a boa gestão do dinheiro da paróquia, o povo gosta que o dinheiro seja aplicado na própria Igreja.

Quando o padre usa uma linguagem clara e objetiva nas homilias (pregação da Palavra de Deus) explicando o sentido das Escrituras.

JNV: O senhor é tido como excelente administrador, fato comprovado pelo que conseguiu nas paróquias por onde passou, mas como avalia seu desempenho no campo social da igreja?

Pr. Márcio Brito: Acredito que o maior trabalho social que o padre desenvolve em uma paróquia é a conscientização política, ou seja, ajudar o povo a perceber os desmandos e o mau uso do dinheiro público em uma cidade. O povo só faz política no tempo da campanha eleitoral, política se faz o tempo todo e a toda hora no momento em que todos observam e analisam o que os governantes estão fazendo com o nosso dinheiro, o governante bom não é o que é popular e fala com todo mundo, mas aquele que é sério com o dinheiro público e cuida bem da cidade, da saúde do povo e principalmente dos mais pobres e necessitados .

JNV: Padre mesmo apontado como de temperamento difícil, em Barrocas o senhor conseguiu atrair mais fiéis não só às missas, mas também para participarem efetivamente da igreja, isso quer dizer que o líder nem sempre tem que ser bonzinho?

Pr. Márcio Brito: Não acredito que tenho temperamento difícil, sou tímido e calado, muitas vezes para não brigar me calo, e isso incomoda as pessoas que acham que devemos responder tudo com a mesma agressão que elas. Em uma discussão alguém tem que se calar para não render mais confusão. Existe um ditado que diz: Dura Lex, sed Lex... a lei é dura, mas é lei... sou muito de dizer o que penso com muita liberdade e sem medo, mas por outro lado um líder religioso, como um padre deve colocar a misericórdia acima da lei, a Igreja não é uma construtora de leis, mas a continuadora do projeto salvador de Jesus Cristo, que passa pela mansidão, paciência e amor ao próximo.

JNV: Em tempo que agradecemos por participar desta edição do jornal, pedimos que deixe uma mensagem para os barroquense.

Pr. Márcio Brito: Todos na Igreja me ouviam repetir sempre “padre vai, padre vem”. A melhor maneira do povo demonstrar carinho pelo padre que passou é entender que o importante na igreja é Jesus Cristo.

Entrevista Publicada no Jornal impresso Edição 90 Novembro/Dezembro

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