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terça-feira, 19 de março de 2013

Barrocas: O Açude Municipal e a seca.


A falta de chuva que se agrava por longo período nos municípios baianos, vem influenciando e alterando a paisagem de diversos lugares na região, e não é diferente em nosso município, observando alguns dos principais reservatórios de água o cenário é de preocupação. Além do antigo Barracamento, localizado nas proximidades do matadouro velho, onde até lixo é jogado, a falta de chuva também é visível ao observarmos o Açude Municipal, que nasceu da retirada de pedras para a linha férrea que deu origem a nossa cidade. O reservatório se localiza nas margens da BR- 349, o volume de água atualmente reduziu drasticamente. 

Marlene Oliveira
A muito tempo atrás como conta a Srª Marlene Oliveira, 70 anos, Barrocas viveu longos períodos tendo o açude como principal fonte de água, inclusive para o consumo humano; “naquela época a cidade não tinha água encanada, portanto o açude supria a população e sua água já foi utilizada para consumo, fonte de renda para carroceiros que vendiam as dornas de água, exemplo do Sr. Vava de Carmita e Sr. Miguel da água, ambos abasteciam as casas, e um fato curioso que até nos leva a pensar o quanto era grande e volumoso o açude, para o que vemos hoje”, lamentou a professora. 

Segundo ela, nos tempos de estiagem o senhor conhecido como Pedro da Minação, morador do povoado que lhe deu o apelido, trazia seu gado da roça para beber água no açude. O local era proibido para banho, e existia muita cautela e cuidado com a água. O seu paredão foi muito usado na época para as mulheres lavar roupa; “eram muitas mulheres algumas lavavam apenas para a família, mas haviam as que trabalhava lavando pra fora, assim ao invés de buscar água, elas iam até o açude com suas enormes trouxas de roupa na cabeça e utilizavam a água do reservatório para o serviço” contou. 


Para se ter mais uma idéia do tamanho do Açude, temos como base o muro que ainda existe no local, ele servia para segurar a água e foi construída como uma barreira, ali comportava a água que só descia para o barracamento quanto o açude “sangrava”, ou seja, havia água até aquele muro. Quando o Açude sangrava a água enchia o barracamento, logo este também transbordava levando água para o bueiro e de lá desaguava na baixa de Joanízio; “antigamente era as chuvas eram de assustar, os tanques e açudes transbordavam dava até medo das trovoadas”, disse dona Marlene. 

Segundo a moradora, um dos vários fatores que contribuíram para a diminuição do açude além da seca foi o esquecimento, há anos ele não é limpo por tratores, talvez porque hoje todo mundo tem água de qualidade nas torneiras e poucos ainda utilizam o trabalho de carroça para o sustento. Há uma história, que há anos atrás, uma caminhonete carregada de sisal, pegou fogo, o motorista teria entrado no açude acabar com as chamas, assim fazendo com que muita gente deixasse de utilizar a água, achando que não seria mais de boa qualidade. 


@ Nossa Voz – Por Victor Santos e Rubenilson Nogueira

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