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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Diante de escassez de pessoas para trabalhar, agricultor vira inventor e desenvolve engenhocas que auxiliam nos trabalhos do campo.

Raízes sem cascas, serviço executado por uma máquina.
Através das associações, os governos têm instalado diversas casas de farinha na zona rural dos municípios, com equipamentos sofisticados elas deveriam operar e colaborar com o trabalho de beneficiamento da mandioca, porém algumas não estão sendo utilizadas, não se sabe se por falta de matéria prima, por não estarem em condições plenas, ou simplesmente por falta de mão de obra.


Apesar das dificuldades, na região de Alecrim, divisa entre as cidades de Barrocas e Teofilândia na interior da Bahia, um agricultor mantém a tradição das casas de farinha familiar, porém há um grande diferencial das do tempo do seu pai, que foi um grande carpinteiro que confeccionava diversas peças de madeira que eram utilizadas nos implementos das casas de farinha.

Da charrete do trator para a máquina que retira as cascas das raízes.
O senhor Cosme, conhecido como Dúa, filho do saudoso Miguel Grande, conhecido carpinteiro da época, é tido na região como um inventor do campo, ele diante das dificuldades, principalmente com a falta de gente disposta a trabalhar, resolveu por desenvolver uma espécie de pequena casa de farinha do século XXI. Todos os equipamentos são planejados e desenvolvidos por ele, que inclusive revende alguns para outros agricultores da região e até de outras cidades; "vou vendo o que posso mudar e invento as máquinas para ajudar no trabalho" disse ele.

A última invenção do Inventor do Sertão, é uma Esteira de Condução que ainda está em fase de testes, mas já demonstra sua eficácia; “já não achamos mais gente pra trabalhar, a maioria só ficam esperando dos aposentados e os benefícios, por isso fui criando essas máquinas para diminuir o número de pessoas que precisávamos na operação”  A farinha feita na casa de farinha de Dua é de muita qualidade, e tão valorizada no mercado que alguns comerciantes acabam dizendo que mesmo aquelas comprada fora, são provenientes de lá; “essa farinha é de Dua” dizem para os clientes. 

Esteira de Condução -  Da máquina que descasca para o equipamento que tritura, via esteira.
Com tantas engenhocas que realizam quase todo o trabalho, sobre tempo para as mulheres capricharem na produção do saborosos bejús que são bastantes procurados em época de movimento nas casas de farinha. 

As antigas prensas ainda são utilizadas - Mulheres se empenha na produção dos bejús.

Com as invenções, atualmente todo o trabalha na casa de farinha pode ser executo por apenas 3 pessoas, a produção chega a 10 sacos por dia a depender da matéria prima. Agricultores de toda a região levam o que colhem para a casa de farinha moderna que além de necessitar de poucas gente, também evita desperdícios sem falar da limpeza e qualidade. Até o processo de trituração das raízes, que levava risco a pessoas que realizava, na "moderna" casa de farinha de Dúa é executado por uma maquina. Algumas máquinas não foram inventadas, porém foram desenvolvidas com projeto diferenciado pelo inventor barroquense.

Acima o forno, abaixo máquina de trituração e cessadeira.
Além dos equipamentos para Casa de Farinha, Dúa desenvolveu desde uma plantadeira que é puxada por um bizouro (trator de pneu) há uma capinadeira que está em desenvolvimento.


O inventor filho de carpinteiro tem 57 anos, e ainda tem muito o que criar e inventar para facilitar a vida no campo, pois nem todos querem migrar para a cidade, e para permanecer na Roça nos dias atuais é preciso mais que persistência, bastante criatividade. 

@ Nossa Voz – Por Rubenilson Nogueira - Fotos: Danilo Queiroz

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