Páginas

quinta-feira, 16 de julho de 2020

CORONAVÍRUS (COVID-19) ENTRE A CIÊNCIA E O ACHISMO - Por Robenildo Brito

Robenildo Brito - Professor
nas Faculdades FAEC e FAC 
 
É notável e ainda muito confuso o momento em que se encontra o mundo inteiro, no que se refere a pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19), principalmente em relação ao vírus, suas consequências, á curto, médio e longo prazo, e ainda sobre o período de incubação, como também de transmissão, contaminação e duração da curva exponencial. 

Muitos estudos vem sugerindo a origem desse novo Coronavírus que é o causador da doença COVID-19. De acordo com Análise do genoma 2019-nCoV, também sugere que esse novo vírus é um híbrido ". Por um lado, é claro que está relacionado ao coronavírus que vivem em morcegos, assim como o vírus que causa o SARS. No outro, descobriu-se que uma fração de seu genoma surge de outro coronavírus presente em espécies de animais a serem identificadas. Nesse caso a fração envolvida é precisamente a que tem a ver com os elementos que eles formam os picos do vírus e que, como já mencionado, eles têm um papel crucial nos primeiros passos da infecção. Devido à falta de imunidade a essa nova cepa de coronavírus, um grande número de pessoas em geral são suscetíveis a ele (CEVALLOS,2020); (GOYAL, 2020). 

Nessa linha, é preciso saber que existe apenas uma maneira de combater uma epidemia: identificar a fonte inicial do vírus (o reservatório) e cortar todas as cadeias de contágio. É fácil dizer, mas muito difícil de realizar já que deve-se levar em conta vários fatores e cenários. No caso do novo coronavírus, como os sintomas iniciais podem ser confundidos com gripe, é necessário um sistema de diagnóstico rápido e preciso para descartar para aqueles que não têm e isolar e cuidar daqueles que foram infectados, evitar novas infecções e contar com a eficiência dos recursos que estão disponíveis, por isso é necessário seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que é fundamental fazer isolamento social (CEVALLOS,2020). 

Ainda nessa perspectiva, a transmissão do Novo Coronavírus (COVID-19), inclui medidas individuais e ambientais, detecção e isolamento de casos, rastreamento de contatos e quarentena, medidas de distanciamento social e físico, incluindo reuniões de massa, viagens de qualquer natureza, medidas e vacinas e tratamentos além da testagem em massa da sociedade e comprovação eficaz de real cura. Embora vacinas e medicamentos específicos ainda não estejam disponíveis para a COVID-19, mas é preciso saber que outras medidas de saúde pública e sociais desempenham um papel essencial na redução do número de infecções e no salvamento de vidas. As medidas sociais e físicas de distanciamento visam retardar a propagação do vírus e da doença, interrompendo as cadeias de transmissão, impedindo que novos casos apareçam (OMS,2020). 

Esses fatores, causas e consequências, ainda em estudo no mundo inteiro, fazem parte de uma série de indagações, preocupações e incertezas, o que é necessário na ciências, em que nada é definitivo, pronto e acabado. Isso porque é imprescindível que para se ter resultados fidedignos e eficácia nas pesquisas e estudos, é fundamental a paciência e perseverança, sobretudo porque a vida das pessoas estar em jogo e o “mundo todo parado e aflito” esperando uma “descoberta milagrosa”. Em ciências não se espera “o milagre” espera-se investimento do Estado, conhecimento e comprometimento de todos os envolvidos, Governo, ciência e sociedade. 
Continue lendo
Dessa forma, é de fundamental importância que governo, instituições sociais, religiosas e a sociedade se despojem do achismo e revistam-se todos do conhecimento científico; o achismo para uma sociedade é fruto de uma educação ruim, mas para um estado é fruto de uma incapacidade intelectual, de gerenciamento, de uma inercia grotesca que se assemelha a crueldade, por serem eles os capazes de unir esforços e garantir a qualidade e quantidade de pesquisas com investimentos necessários á pratica constante da descoberta. O achismo provoca incerteza em massa, aumento e agravamento do problema e consequentemente a morte, devido á falta de crédito em quem de fato tem poder de dizer algo confiável sobre o novo vírus, sem interpretações equivocadas, ou distorcidas. 

Diante de tudo, o que se sabe sobre o virus já é muito e estamos no caminho certo sobre as pandemias ao longo da história da humanidade também, e de uma coisa é certa o futuro da pandemia não depende apenas de ações do governo; mas também de nossas ações pessoais, estas podem determinar drasticamente o curso da pandemia quando seguidas as recomendações da OMS que são: lavar as mãos com água e sabão com frequência, não tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos sujas, quando tossir ou espirrar cubrir a boca com um lenço descartável ou um canto interno do cotovelo, não entrar em contato com pessoas que você conhece que estão doentes. Se caso ficar doente, você e sua família deverão levar muito a sério o que a OMS orienta (CEVALLOS,2020). 

Diante do exposto, o achismo de governantes, federais, estaduais e municipais que nessa falta de clareza, embora todas instituições confiáveis estejam dizendo como agir neste momento, quais os protocolos a seguir, muitos desses estão empoderados da arrogância e não ouve ninguém, nem mesmo os cientistas e muito menos aqueles que são profissionais de saúde e estão na gestão das pastas, dificultado assim as estratégias e a resolutividade do problema. Muitas vezes o desperdício de dinheiro público são gigantescos com investimentos em recursos sem nenhuma comprovação científica, mas por puro capricho, e uma busca incansável de propagação de uma política de saúde fracassada, sem norte, sem direcionamento científico, mas de puro e certeiro achismo, numa luta incansável de poupar os recursos públicos. 

Sendo assim as ações que deveriam buscar efetivação de políticas públicas de saúde voltadas a critérios científicos seguidos de protocolos, acabam que, tomando direções perigosas, deixando a população a mercê da própria sorte. Estes fatos desencadeiam em aumento de casos elevados e consequentemente a morte de centenas de milhares de pessoas. 

Nesse sentido, para melhor elucidação das perguntas que surgem durante este período, busca-se compreender como ocorre o processo da pandemia. Sabe-se que uma pandemia além de sua virulência e capacidade de contágio, tem o principal risco de letalidade, que é o caso do coronavírus e este reside na capacidade da sociedade de juntos realizar um gerenciamento adequado de ameaças, fato que não houve de forma consistente e precisa em muitos países e no Brasil particularmente. Nesse sentido como disse Cinna Lomnitz - engenheira, geofísica, pesquisadora e acadêmico alemão nacionalizado Mexicano— (2004), que desastre "É um fenômeno crítico que ocorre na fronteira entre dois sistemas complexos em uma escala específica no espaço-tempo ", que suas causas são naturais e sociais e que devemos estudar as causas estruturais que a sustentam”. As Pandemias atuais fazem parte da mudança global acelerada e - além de constituir ameaças à saúde, economia e organização social, sendo assim, é necessário oferecer oportunidades para tornar as condições de vida no planeta mais sustentáveis (CARAVEO, 2020). 

Contudo, nesse momento de pandemia, percebe-se que as ações de saúde por parte de muitos governantes, muita das vezes são feitas de forma, tímidas, equivocadas ou sem seguir nenhum protocolo e orientações científicas dos profissionais de saúde e entidades como a OMS, tem-se notado que tem ações em determinadas situações que estão mais propícias para atingir um marketing de governo e político do que para combater o coronavírus, porque não seguindo tais protocolos, os resultados são desastrosos, como os riscos de contaminação tanto da equipe de profissionais da linha de frente , quanto dos cidadãos e pacientes em geral. 

O achismo imposto tanto por governo e cidadãos é irresponsável e faz com que o aconteça o uso de máscaras de forma inadequadas, (braço, queixo e testa) e manuseio inadequado dos EPIs, a cura crença da crua instantânea, o chá que promete a crua e aquele áudio nas redes sociais com a cura milagrosa, associado a uma sociedade que não tem os cuidados de higiene como práticas e hábitos diárias, como a desobediência aos decretos de isolamento social, e aquele velho discurso de que existe uma proteção superior que o livrará de todo mal, (sem aqui querer menosprezar a fé de ninguém, jamais!). 

Estes pensamentos sejam eles de quem for, são mesquinhos, grotescos e irresponsáveis, porque apenas contribuem para a propagação do vírus e consequentemente o aumento da doença; as fogueiras acesas no São João, as visitas na casa do vizinho, as festas em família e as ruas lotadas, como se nada estivesse acontecendo são frutos de um povo sem educação mesmo, associada a ignorância de uma sociedade que ainda prefere a diversão á proteção, o achismo á ciência, e nesse caso não há governo que consiga gerenciar esta crise. 

Referências: 
CARAVEO, AMADO NIETO. El coronavírus 
CEVALLOS, Miguel Ángel. Nuevo Coronavírus la epidemia. 2020. 
GOYAL, Kapil et al. Medo de COVID 2019: Primeiro caso suicida na Índia !. Revista asiática de psiquiatria , v. 49, p. 101989, 2020. 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE et al. Doença de coronavírus 2019 (COVID-19): relatório da situação, 72. 2020. 

Robenildo Brito 
Nutricionista pela Faculdade Nobre (FAN) 
Especialista em Gestão da Saúde e Gestão Hospitalar 
Licenciado em Biologia 
Pedagogo pela Universidade do Estado da Bahia-UNEB 
Especialista em Educação Especial e Inclusiva –FAMART 
Especialista em Gestão Educacional e Coordenação- FAEC 
Professor nas Faculdades FAEC e FAC 
Coordenador de Extensão Universitária 
Professor de Ciências na Escola futuro Feliz 
Professor do Curso de Enfermagem- Andaraí

Sem comentários:

Enviar um comentário